Será mais um museu em Portugal?
O museu “Escaroupim e o Rio” pretende ser um contributo à memória das várias comunidades ribeirinhas do Tejo, um lugar de afetos, um local de encontro e preservação de tradições e memórias. E por isso encontramos uma recolha de materiais utilizados muito bem catalogados e fotografias que te ajudam a imaginar como era a vida dos pescadores avieiros. O melhor de tudo é ter no museu uma pessoa que te recebe, indica o que podes ver, deixa-te completamente à vontade durante a visita e ainda te explica aspetos que queres clarificar ou perceber melhor. É claro que falei com a senhora e fiquei rendida à forma como falou das suas gentes e da sua terra.
Desde a pré-história que se fixam pessoas junto às linhas de água e o museu mostra como as atividades ligadas ao rio Tejo como o trânsito fluvial, as barcas de passagem e a pesca fizeram com que as pessoas vivessem do rio e para o rio.
Ao longo da visita, e se não conheces esta zona do país, dás-te conta que a pesca é uma atividade que ainda permanece muito ligada ao rio. Ao longo do tempo, a comunidade avieira do Escaroupim sofre mudanças culturais e altera os seus costumes. Por um lado, temos a globalização, por outro temos a poluição, a construção de barragens e o desaparecimento de algumas espécies de peixes e aves.
Atualmente ainda existem pescadores avieiros que resistem aos tempos e continuam a lançar as suas redes à água, como os seus familiares faziam, o que perpetua a identidade e memória cultural dos avieiros. Para ajudar manter a esta memória o que podemos fazer é visitar este museu! Espero que tenhas tanta sorte e que a senhora ainda trabalhe lá!
Está situado num edifício de uma escola primária reabilitado (e até tem uma antiga secretária e o livro utilizado pelos professores ), onde podes conhecer a importância do rio Tejo e dos seus afluentes, as atividades socioeconómicas das comunidades locais, o que levou as pessoas a viverem neste local e o que fizeram durante séculos. Já o conheces?
A melhor parte da visita ao museu “Escaroupim e o Rio” foi quando fechou!
Continua a ler e descobre porquê!
A Sara, que é a responsável pelo museu, uma pessoa da terra e orgulhosa das suas gentes e da história da sua própria família. Fechou o museu e pediu-nos para irmos até à Casa Típica Avieira para conhecermos a forma como os habitantes viviam.
Quando lá chegamos abriu a casa que foi construída pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos depois de uma recolha feita junto da população local, com o objetivo de preservar a memória coletiva destes pescadores que um dia deixaram Vieira de Leiria e se fixaram nas margens do Rio Tejo. Alves Redol, um escritor português, definiu este grupo de pescadores como “nómadas do rio”.
A Sara contou-nos histórias sobre a vida, sobre as visitas à casa e sobre o facto de ter de estar fechada. Falou-nos da avó que era a pessoa que antes fazia as visitas e mostrava a casa e que agora está mais frágil e já não as faz (e teve um incidente desagradável numa das visitas!) e nós aproveitámos e contámos histórias de um acantonamento que tínhamos feito em Escaroupim.
As dimensões da casa são pequenas e no interior encontras 3 espaços:
– a cozinha com uma lareira ladeada por tijolos e cheia com terra batida, a mesa das refeições e várias prateleiras completam esta divisão;
– a sala é a outra divisão onde estão dois baús para guardar roupa e é onde estão dois manequins que usam os trajes típicos dos avieiros;
– os dois quartos pequenos com camas em ferro
– o sótão para guardar as redes de pesca.
Ouvir histórias contadas pela Sara foi fantástico e recomendo mesmo que conheças o museu “Escaroupim e o rio” e a Casa Típica Avieira. A melhor parte foi ouvir na primeira pessoa as histórias dentro da Casa Típica. Nas tuas viagens procuras o contacto com os locais?
Dica extra: se puderes evita mesmo os fins-de-semana que muitas vezes ficam atolados de tantas visitas que são feitas!
Esta casa possui semelhanças com os palheiros que se estendiam nos areais desta praia, mas sofreu alterações e adaptou-se às condições da borda d’água ribatejana.
Alves Redol, um escritor português, definiu este grupo de pescadores como “nómadas do rio”, porque representam uma das mais interessantes migrações a que Portugal assistiu. Durante os meses de inverno, famílias de pescadores deslocavam-se de Vieira de Leira (onde era impossível continuar a atividade piscatória) para o rio Tejo para pescar o sável e, no princípio do verão, voltavam novamente à sua terra natal, para pescar no mar.
As dimensões da casa são pequenas, está pintada com cores vivas, é assente em pilares e o acesso é feito por umas escadas. É a chamada arquitetura “palafítica”, dado que está próximo do leito de cheias e por isso assenta em pilares, o que a protege destas intempéries que assolavam o ribatejo. A decorar as paredes estão os quadros com motivos religiosos e de natureza morta e as portas interiores são substituídas por cortinas de alegres ramagens.